ASPECTOS PSICOLÓGICOS DA OBESIDADE
Psicóloga Ana Cláudia Merchan Giaxa, CRP 08/6196
Área de interesse: OBESIDADE
A relação entre comida e emoção
A relação entre a comida e nossas emoções remonta à nossa tenra infância. Desde muito pequenos aprendemos que nossa primeira relação com o mundo é através do alimento: o leite materno. Seja por qual via for administrado, pela amamentação ou mamadeira, o mundo costuma nos receber com alimento. É exatamente esta associação entre ser “bem-recebido + alimento” que gera as nossas primeiras memórias de satisfação. A emoção geralmente mais associada a este ato é o aconchego, porque normalmente somos envolvidos por um “abraço seguro” no contato com quem nos cuida e alimenta. Este contexto dá o registro simbólico de uma “boa receptividade” e um conforto que geram muito bem-estar. Isto é tudo de bom, porque transmite um sentimento de segurança que pode servir como uma referência muito positiva para enfrentar o mundo, principalmente em momentos de hostilidade, quando sentimos que não somos queridos, esperados ou mesmo quando acontecem experiências de frustração, que fazem parte da vida desde que somos crianças. Ser alimentado é se sentir desejado.
Motivos para comer além
O sentimento de ansiedade é o mais conhecido motivador para comer em excesso. Conhecido como “descontar a ansiedade na comida”. A emoção envolvida é a angústia que é sentida como um aperto no peito ou um nó na garganta. Com o registro primitivo da sensação de aconchego esta busca pelo alimento nos momentos difíceis pode ser melhor explicada assim: comer é buscar algo já conhecido que dá satisfação. Comer combate à insegurança. O segundo motivo está relacionado ao estilo de vida. Num contexto social onde o comer tem um valor emocional de se reunir entre amigos e familiares e confraternizar, usando o alimento como moeda de troca da quantidade de afeto, é bem capaz que se coma pelo prazer que isto representa (estar entre o que amamos). O terceiro motivo é gostar muito de comer, quando damos um valor a mais do que a necessidade física do alimento. O fato é que comer sem critérios pode levar à obesidade que é prejudicial tanto à saúde física como mental, porque afeta autoestima. Isto significa que a expressão “de bem com a vida sendo um gordinho feliz”, mesmo que o sujeito goze de uma ótima autoestima, o corpo irá, em algum momento, adoecer pelo excesso de peso com o desgaste do sistema músculo-esquelético. Neste sentido, o próprio fato de saber que o comportamento alimentar envolve escolhas pessoais, conscientes ou não, pode baixar a autoestima, porque a obesidade é uma doença associada ao hábitos e estilo de vida. Esta constatação, de alguma forma, demonstra uma relação emocional desbalanceada com o alimento, que precisa ser repensada para melhorar a qualidade de vida e saúde geral. A boa noticia: justamente porque depende de nossas escolhas é que podemos reverter e melhorar!