Cenário da Covid-19 e as doenças coronarianas em destaque no Congresso
Sob a presidência do Dr. Otávio Celeste Mangili e moderação do Dr. Rodrigo Cerci, o 48º Congresso Paranaense de Cardiologia tratou da Covid-19 e os impactos nas doenças coronarianas.
As experiências sobre síndromes coronarianas agudas no cenário da Covid-19 foram trazidas pelo Dr. Marcelo Freitas. “A Covid-19 é uma doença endotelial, o que aumenta o sinal de alerta para questões inerentes ao manejo da síndrome coronariana aguda (SCA)”, afirmou. De acordo com ele, estudos indicam que indivíduos acima de 60 anos de idade ou que tenham doenças respiratórias, cardiovasculares prévias ou diabetes tiveram seu sistema cardiovascular comprometido com riscos de sofrer manifestações de miocardite ou infartos e fenômenos tromboembólicos. Também foi registrada uma queda brusca na procura por atendimento ao pronto-socorro cardiológico, bem como uma redução no número de internamentos e intervenções cirúrgicas.
Dr. Marcelo citou que o excesso de mortes por doenças coronarianas pode ter ocorrido devido ao colapso da saúde durante a pandemia, também devido à evasão de cuidados médicos por fatores como distanciamento social, preocupações de contrair a Covid-19 e diagnósticos incorretos.
“A porta de entrada da Covid-19 são os pulmões, o que provoca uma evolução em cascata de outras doenças que com o avanço acaba comprometendo todo o organismo e levando à morte. Uma grande lesão pulmonar causa cardiopatia grave como o infarto”, disse, afirmando que “o impacto da Covid-19 na saúde do coração ainda continua”.
O ex-presidente da Sociedade Paranaense de Cardiologia, Dr. João Vicente Vítola, falou sobre o impacto da Covid-19 na investigação da doença cardiovascular e as disparidades sobre o tema ao redor do mundo. “Recente pesquisa indicou que houve uma redução de 64% na identificação de doenças cardiovasculares até mesmo no procedimento diagnóstico. Um fator preocupante, considerando que no mundo são registradas 18 milhões de mortes causadas por problemas graves no coração”, pontuou.
A redução de processos de investigação de doenças cardiovasculares também foi sentida em quase todos os procedimentos como, por exemplo, aqueles provocativos de estresse, ecocardiograma e coronariografia, cateterismo cardíaco. “Esta diminuição foi maior em países com economia frágil e em desenvolvimento”, observou. Por outro lado, tecnologias mais avançadas, como ressonância, registram uma elevação em países economicamente robustos.
O Dr. Anderson Ulbrich encerrou o painel explanando sobre a orientação para a prática de atividade física no pós-Covid. “É fato que a prática de atividade física contribui para a melhoria da saúde, bem como na redução do surgimento de doenças, principalmente, àquelas relacionadas ao coração”, disse. Segundo ele, programas de reciclagem cardíaca são importantes para pacientes que apresentam problemas cardiovasculares e devem ser construídos de uma forma multidisciplinar, com a participação de médicos, nutricionistas, fisioterapeutas e profissionais de educação física.
Durante a pandemia, dado o número estimado de centros de referência em reciclagem cardíaca em todo o mundo (5.813), aproximadamente, cerca de 4,4 mil foram cessados ou interrompidos. “Aqueles que permanecem abertos estão implementando novas tecnologias para garantir que seus pacientes recebam reciclagem cardíaca com segurança. Eles devem ser mantidos, sempre considerando a performance individual, o padrão do movimento e o progresso do paciente”, concluiu.
Fotos: Valterci Santos
Organização: Mark Messe
Conteúdo: Básica Comunicações