Mudanças nas diretrizes de doenças cardiovasculares da SBC
Os destaques das últimas diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia foram foco do painel de atividades do 48º Congresso Paranaense de Cardiologia. A atividade foi presidida pelo Dr. Willyan Nazima e contou com as abordagens dos Drs. Gustavo Lenci, Miguel Morita, Alexandre Alessi e José Faria Rocha Neto.
O Dr. Gustavo Lenci tratou da Diretriz da SBC sobre Angina Instável e Infarto Agudo Do Miocárdio de 2021. De acordo com ele, a diretriz recomenda que na disponibilidade de troponina, nenhum outro marcador necessita ser solicitado para fins diagnósticos, e a angiografia por tomografia computadorizada das artérias coronárias. O cardiologista mencionou outras modificações quanto à analgesia e sedação, anticoagulantes, rotina diagnóstica e critérios de internação, estratificação da angina e betabloqueadores.
A atualização de tópicos emergentes da Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca de 2021 foi apresentada pelo Dr. Miguel Morita. Segundo ele, houve um importante número de intervenções terapêuticas e abordagens diagnósticas que surgiram ou se consolidaram na prática clínica internacional e na pesquisa clínica. Por isso, a necessidade de atualizar essas diretrizes. Entre as principais, o Cardiologista citou avanços no diagnóstico de insuficiência cardíaca levemente reduzida e avançada, e as ferramentas de diagnóstico, bem como as medidas terapêuticas e tratamentos farmacológicos.
O Dr. Alexandre Alessi tratou da Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial publicada em 2020. Uma das mudanças trazidas pelo novo documento trata dos valores de referência para a detecção da doença pela Monitorização Residencial da Pressão Arterial (MRPA), aquela feita pelo paciente em sua residência, que passa a considerar hipertensão arterial quando a pressão está igual ou maior que 130 milímetros de mercúrio (mmHg) por 80 mmHg. Antes a classificação como hipertenso dava-se quando as medidas ficavam igual ou maior que 135 mmHg x 85 mmHg pela MRPA. Para as medições em consultório, os valores de referência para hipertensão continuam sendo de 140 mmHg x 90 mmHg.
A classificação para pré-hipertensão também muda com a nova diretriz, sendo definida por uma pressão sistólica entre 130 e 139 mmHg e/ou diastólica entre 85 e 89 mmHg, para medida de consultório. A pressão normal ótima é a que registra números abaixo de 120 mmHg x 80 mmHg. A faixa entre 120 e 129 mmHg e 80 e 84 mmHg é considerada normal, mas não ótima e deve ser acompanhada. Outra mudança trazida é em relação às orientações de tratamento. A nova diretriz propõe que a combinação de fármacos seja a estratégia preferencial para a maioria dos hipertensos.
O painel foi encerrado pela apresentação do Dr. José Faria Rocha Neto, que falou sobre Diretriz Brasileira de Hipercolesterolemia Familiar de 2021. De acordo com ele, a HF é uma doença genética, caracterizada por níveis muito elevados do LDL-c e pela presença de sinais clínicos específicos antes dos 45 anos de idade. Afirmou que é importante o reconhecimento da HF como condição genética autossômica dominante com rastreamento em cascata de familiares. Por fim, argumentou que o diagnóstico precoce é fundamental, pois torna possível o início antecipado da medicação e a mudança natural da doença.